Esteja preparado para administrar a rápida mudança que a transparência pode impulsionar 

A Transparentem é uma organização social que realiza investigações nas cadeias de fornecimento para divulgar e tratar das violações de direitos humanos que nelas persistem.Sua primeira investigação apoiada pelo time global do Instituto C&A concentrou-se em curtumes no bairro de Hazaribagh, em Daca, capital de Bangladesh. Por causa do processamento do couro, tal área tinha sido identificada como um dos dez lugares mais poluídos da Terra e estava repleta de violações trabalhistas. Em parte, pelo trabalho da Transparentem, que documentou os problemas e conseguiu apresentar evidências aos compradores dos produtos, os curtumes foram fechados e realocados para uma área não residencial e apropriada para seu funcionamento.

Entretanto, alguns dos problemas mais desafiadores, como riscos à saúde e à segurança dos trabalhadores, continuaram no novo local. Além disso, o trabalho começou sem que a estação de tratamento de efluentes estivesse em pleno funcionamento. Por isso, a Transparentem continua a monitorar a situação na nova área do curtume e está trabalhando com outras organizações sociais para garantir melhorias. Qualquer tentativa de encerrar operações ilegais em determinado local transferindo as operações para outro precisa considerar as consequências não intencionais, como famílias deixadas para trás, e garantir que o novo polo de trabalho não repita os mesmos erros do antigo.

Insight

Inspiração para a mudança

É necessário iniciar o diálogo sobre a promoção da transparência para que mais organizações e empresas possam dar os primeiros passos nessa direção. Pensando nisso, o Instituto C&A promoveu dois debates sobre o tema na Conferência Ethos, em setembro de 2017.


Benjamin Skinner, fundador da Transparentem, veio ao Brasil compartilhar a experiência e os resultados das investigações em cadeias de fornecimento. Ao lado de Mércia Silva, diretora executiva do InPACTO, ele discutiu como as organizações da sociedade civil podem criar iniciativas para impulsionar mudanças. “As empresas sempre nos perguntam sobre o que a gente quer ao buscar e divulgar informações. Mas não se trata do que queremos, e sim do que a empresa pode fazer com a informação, o que os consumidores vão decidir e o que a sociedade espera”, disse Skinner.

No segundo painel, o Wal-Mart, a Santista Têxtil e a C&A mostraram como, na prática, as empresas podem ser mais transparentes e implementar processos de compliance para garantir condições de trabalho dignas em suas redes de fornecimento.