Há uma crescente demanda pelo algodão sustentável e pelo desejo de que todo o segmento algodoeiro avance. Mas as iniciativas emergentes não estão, necessariamente, coordenadas. Isso pode confundir, ou ainda criar competição e paralisar o progresso. A Cotton 2040 é uma crescente coalizão de marcas e varejistas líderes internacionais, atores da indústria e da cotonicultura e partes interessadas em toda a cadeia de suprimentos, com a ambição de longo prazo de integrar e acelerar suas ações coletivas para fazer incentivar o uso de algodão sustentável no setor.

Uma das táticas da Cotton 2040 em 2018 foi lançar o guia CottonUp. Projetado para que empresas e marcas entendam mais sobre algodão sustentável, como melhor adquiri-lo e de que maneira acelerar o progresso. A iniciativa reuniu diferentes organizações para se alinharem à uma mesma visão de um mercado de algodão sustentável. Com tantas vozes, diferentes padrões e códigos, recebemos várias ideias sobre como fazer isso acontecer.

Pensando nisso, contratamos o Forum for the Future para que atuasse como um facilitador neutro, a fim de criar um espaço seguro para o diálogo aberto. Isso permitiu que as diferentes partes trabalhassem juntas de forma mais aberta - independentemente de suas diferenças - para criar um único recurso para o mercado.

À medida que a iniciativa continue, o Forum for the Future incentivará um diálogo constante entre as organizações para acordar prioridades e desenvolver abordagens que se baseiem no que cada uma delas já está fazendo. Isso permitirá mobilizar as iniciativas existentes, bem como  uni-las num mesmo caminho para alcançar maior alinhamento no setor do algodão sustentável.

Cadeias de fornecimento complexas e pouco transparentes correm mais riscos de violar os direitos dos trabalhadores. Ao disponibilizar dados publicamente responsabilizamos os contratantes e incentivamos a melhoraria das condições de trabalho. Mas atualmente, até mesmo a qualidade dos dados simples - como nomes de fábricas - é ruim. Isso causa transtornos como por exemplo, auditores aparecendo na instalação errada e organizações gastando centenas de horas combinando as informações manualmente em seus bancos de dados.

O Open Apparel Registry (OAR) é uma ferramenta de código aberto qu mapeia instalações de vestuário em todo o mundo. O objetivo da plataforma é criar um registro comum de nomes e endereços, cada um atribuído a um número exclusivo de identificação OAR. Isso pode eliminar a confusão e facilitar a colaboração entre marcas e varejistas, fábricas e sociedade civil. Trata-se de obter informações para as pessoas certas, incluindo trabalhadores, no momento certo, para melhorar as práticas.

Embora a transparência esteja começando a ser aceita e difundida na indústria da moda, ainda havia ceticismo sobre o OAR ser a abordagem correta e seria possível criar tal tecnologia. Para abordar essa preocupação e garantir que as pessoas a usassem, foi fundamental criar confiança na tanto na ferramenta quanto na própria organização.

O OAR organizou mais de 250 reuniões com mais de 175 organizações, incluindo marcas, iniciativas com várias partes interessadas e ONGs. A governança complexa da iniciativa foi desafiadora, mas acabou sendo construída para refletir a variedade de organizações envolvidas, incluindo iniciativas de base, marcas e especialistas, para que todos fossem ouvidos.

Apenas algumas semanas após o lançamento, a ferramenta tinha quase 13.000 inscrições de origem coletiva, mostrando que o OAR foi aceito como uma ferramenta de toda a indústria e provando o valor da construção dessa jornada compartilhada.

Para trazer maior transparência à indústria do vestuário na indonésia, fizemos uma parceria com a Wage Indicator que visava desenvolver as páginas de transparência do site da Gajimu Garment - plataforma online conectada a um aplicativo que incentiva trabalhadores a dar e receber informações sobre condições de trabalho e salários. O objetivo foi criar a conscientização de assuntos sobre não conformidade da lei ao publicamente divulgar essas informações e fortalecer as negociações dos trabalhadores com os contratantes da fábrica.

Mas, durante o processo, percebemos que as pessoas que a Wage Indicator tentava beneficiar deveriam ter sido envolvidas de forma mais eficaz. Em primeiro lugar, muitos trabalhadores não conheciam seus direitos nem entendiam como as informações que eles estavam fornecendo eram usadas. A Wage Indicator reconheceu este descuido e agora está trabalhando com os seus parceiros sindicais na próxima etapa da iniciativa, com base no feedback que receberam.

Aprendemos que o processo de concepção das iniciativas deve incluir os trabalhadores e os sindicatos. Neste caso, o envolvimento com as pessoas antes de pedirmos que usassem o aplicativo teria ajudado a criar um senso de propriedade e conscientizar sobre o seu próprio papel na criação de melhores condições de trabalho.